Biodiversidade: recurso natural superexplorado mas subutilizado para existência humana e o desenvolvimento econômico.

Tradução do artigo: “Biodiversity: overexploited but underutilized natural resource for human existence and economic development”. Autores: Tunde Joseph Ogunkunle; Aderiike Adewumi ; Adeyinka Olufemi Adepoju.

Tradução: Isabella Oliveira, Maria Laura Borgo.

Resumo gráfico do artigo “Biodiversity: overexploited but underutilized natural resource for human existence and economic development”. Produzido por Isabella Oliveira e Maria Laura Borgo.

A biologia é o estudo dos organismos vivos, que inclui sua estrutura, função, evolução, distribuição e relações. Os organismos são numerosos e variados e incluem as árvores, formigas, microorganismos e até mesmo o homem. Todos levaram milhões de anos para evoluir e ocupar o planeta Terra. 

Embora muitas vezes todos esses seres vivos sejam classificados em conjunto como diversidade biológica, ou biodiversidade, é importante notar que o significado da biodiversidade realmente transcende a manifestação física desses organismos. Ele pode ser ampliado para incluir basicamente tudo que tem relação com o mundo vivo e, portanto, é outra forma de dizer “Natureza”, “Meio Ambiente” ou “Mãe Natureza”. Tão vaga quanto a definição possa parecer, a biodiversidade não é apenas útil ao homem, ele mesmo é parte dela e ela é tudo que o ser humano tem e precisa para sobreviver nesse planeta.

O QUE É BIODIVERSIDADE?

Apesar de não ser um termo simples de definir, a biodiversidade tem sido explicada de maneiras distintas, como: Os milhões de plantas, animais e microorganismos, os genes que eles contêm, e os intrincados ecossistemas que ajudam a construir o ambiente vivo. É um termo coletivo que significa a totalidade e variedade da vida na Terra, incluindo diversidade genética entre espécies, a variedade dentro de uma espécie e a variação de ecossistemas em que a vida pode existir e interagir [1]. Se refere à variabilidade entre os organismos vivos de todos os locais, como ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos que eles fazem parte; isso inclui diversidade dentro das espécies, entre espécies e ecossistemas[2]. A partir dessas definições, podemos facilmente deduzir que a biodiversidade é um complexo com muitos componentes.

QUAIS SÃO OS COMPONENTES DA BIODIVERSIDADE?

Diversidade de Espécies

A unidade de classificação que tendemos a dar maior foco são as espécies, porque elas são mais tangíveis e fáceis de estudar. A diversidade de espécies é geralmente definida como o número de espécies e a abundância de cada espécie que vive em um local determinado [3]. No nível das espécies, existem aspectos morfológicos, comportamentais, de história de vida, fisiológicos e taxonômicos da diversidade. A diversidade de espécies inclui a variação no número de espécies (= riqueza de espécies), na abundância relativa (= equitatividade) e a variação na distribuição das espécies no espaço (= beta diversidade). À medida que avaliamos a diversidade de espécies de um determinado lugar, também surgem questões quanto ao “valor” relativo de diferentes espécies.  Algumas são frequentemente consideradas mais valiosas do que outras; por exemplo, as pessoas tendem a prestar mais atenção às espécies que são grandes, conspícuas e coloridas do que às espécies que não são. As ‘espécies-chave’ e ‘engenheiras de ecossistema’ recebem particularmente mais atenção do que as outras. As espécies que têm algum uso humano frequentemente também são mais valorizadas. Como tal, nossas tentativas de descrever padrões de biodiversidade são baseadas em informações sobre alguns grupos específicos (por exemplo, pássaros, mamíferos, borboletas, besouros), que não são necessariamente representativos de todos os organismos. No sentido real da questão, as espécies relativamente imperceptíveis e pouco conhecidas também têm seus valores.

Diversidade Genética

A variação genética que existe tanto dentro quanto entre espécies formam outro componente importante da diversidade biológica, e é a base para as mudanças evolutivas. Sem isso, mudanças futuras não irão ocorrer. Em alguns casos, a variação genética também pode ter um papel em determinar se uma população irá persistir ou ser extinta [4]. A variação genética se expressa em inúmeras formas e pode ser medida de diversas maneiras. Os exemplos incluem o número de genes polimórficos (ou seja, genes com vários alelos), o número de alelos que cada gene possui, o número de indivíduos heterozigotos em uma população, etc. A diversidade genética não deve ser vista apenas como de valor intrínseco às espécies, mas também pode ser importante para os humanos. Por exemplo, a variação genética é a base para o melhoramento genético. Em alguns casos, a introdução de genes de estoques ancestrais (selvagens) melhorou a produtividade das safras existentes. O desenvolvimento de organismos geneticamente modificados também depende da presença de diversidade genética [5].

Estrutura de População

A diversidade observada dentro de uma espécie pode envolver também variação na estrutura de populações, ou seja, a presença de subpopulações dentro de uma espécie que diferem umas das outras. Essas subpopulações podem ter diferenças genéticas sutis, diferenças comportamentais, morfológicas, ou podem agir de uma maneira ecologicamente diferente (por exemplo, devido às diferentes combinações de espécies com as quais interagem). Manter as espécies ao longo de seus intervalos ou variabilidade populacional, é, portanto, importante para proteção da biodiversidade.

Comunidades

Um conjunto de muitas espécies constitui uma comunidade de organismos, e comunidades biológicas representam um outro tipo de diversidade. Diferentes comunidades incluem diferentes combinações de espécies e talvez tenham propriedades emergentes próprias. De fato, a diversidade de comunidade é quem com frequência influencia o jeito como nós vemos o mundo. Os “habitats” que nós reconhecemos na verdade são diferentes comunidades de organismos. Portanto, manter um conjunto diverso de habitats envolve pensar sobre a diversidade a nível de comunidade, como foi exposto pelo modelo espécie-área  [6,7].

Processos Ecológicos e Abióticos

Existe uma diversidade de formas em que os organismos podem interagir entre si e com o meio. Em troca, há uma diversidade de formas em que o meio ambiente (biótico ou físico) influencia os organismos. Essas interações recíprocas são a solução para o problema de como sobreviver e reproduzir. Apesar dos processos abióticos sozinhos não serem parte da diversidade biológica, eles possuem um papel central em determinar como os ecossistemas irão funcionar e influenciam o nível de diversidade de diferentes formas.

Fenômenos Biológicos

Há uma infinidade de fenômenos que normalmente não se encaixam facilmente em um dos componentes da biodiversidade já enumerados, mas que no entanto, representam componentes da diversidade do mundo natural. Um fenômeno biológico é uma série de reações químicas ou outros eventos que resultam em uma transformação. Estes são regulados por vários meios, como expressão de genes, modificação de proteínas, etc. e incluem fotossíntese, respiração, metabolismo, fertilização, migração, transporte, transpiração e assim por diante. Freqüentemente, estes são considerados um componente da biodiversidade.

QUANTAS ESPÉCIES EXISTEM NA TERRA?

Como já foi observado, o conceito de biodiversidade vai além de apenas diversidade de espécies. No entanto, abordar a questão do ponto de vista de diversidade de espécies parece ser mais fácil, já que a espécie é tangível e conveniente para estudar com outros aspectos da diversidade (morfológico, comportamental, história de vida, fisiológico, taxonômico, etc.). Estimativas do número de espécies na Terra variam de 3 milhões a 100 milhões. A Convenção da ONU sobre diversidade biológica diz que existem cerca de 13 milhões de espécies, das quais 1,75 milhão foram descritos [8]. A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN de 2008 afirma que 1,8 milhões de espécies foram descritas em cerca de 5 milhões a 30 milhões existentes [9]. A Figura 2 mostra a estimativa composição percentual das espécies descritas na terra, com vertebrados (incluindo humanos) constituindo apenas 2,7%.

QUAL É A ESSÊNCIA DA BIODIVERSIDADE?

A biodiversidade é um fator muito importante para determinar o quão propício para viver o mundo é ou será para nós [10]. É a base de todos os aspectos de nossas vidas, incluindo alimentos, remédios, abrigo, geração de energia e roupas. A biodiversidade é fundamental para a saúde e o crescimento de economias, sociedades e indivíduos, através da prestação de serviços como o fornecimento de alimentos, matérias-primas, medicamentos e água; regulação do clima; contribuição para a quantidade e qualidade do ar e da água; e mitigação de riscos naturais, em todo o ecossistema [11]. Por todo o mundo, os seres humanos usam pelo menos 40.000 espécies de plantas e animais para estes e outros fins diariamente [12]. Temos que proteger biodiversidade devido aos inúmeros benefícios derivados diretamente ou indiretamente dela no momento, e muitos mais que são potencialmente deriváveis, mas cuja tecnologia para fazer isso ainda não é conhecida por nós. Ao fornecer esses serviços aos seres humanos, a biodiversidade pode ser entendida como fornecedora de ativos naturais e, portanto, ser visto como um “capital natural”, que existe ao lado do capital manufaturado, financeiro, social e humano. Além disso, e talvez o mais importante, a biodiversidade deve ser protegido por causa de muitos benefícios que podem nunca ser conhecidos por nós nesta geração. Grande parte da riqueza biológica até agora conhecida representa um enorme recurso para a humanidade esperando para ser explorado agora ou no futuro. Tais espécies de plantas, animais ou microorganismos podem acabar sendo uma “mina de ouro” no futuro, mas apenas se não forem perdidas agora. No momento, alguns dos benefícios derivados pelo homem da riqueza biológica ao seu redor pode ser resumido nos seguintes seis títulos inter-relacionados:

A Biodiversidade é um Recurso Natural Valioso

Os recursos naturais são valiosos por sua natureza biológica, econômica e usos recreativos, bem como sua beleza natural e importância para as culturas locais. A biodiversidade se enquadra na categoria de recursos naturais renováveis. Dos vastos recursos vegetais e animais, apenas muito poucos (menos de 10%) foram domesticados, sendo a maioria selvagem [13]. Talvez a maneira mais prática de demonstrar a essência da biodiversidade ao homem está na produção de alimentos e medicamentos. Além disso, outras necessidades básicas do homem como habitação e roupas não podem ser concebidas senão como presente da biodiversidade.

O homem cultiva espécies de plantas para alimentação há mais de 10.000 anos atrás e até 2.500 espécies foram cultivadas dessa forma. No entanto, apenas cerca de 20 espécies fornecem 95% da comida mundial e, destas, apenas quatro (trigo, arroz, milho e batata) alimentam mais pessoas do que as próximas 20 safras combinadas [14]. De cerca de 270.000 espécies de plantas que foram documentadas, dificilmente 10% foram investigadas de uma forma muito superficial para avaliar sua utilidade, e apenas cerca de 1% foi estudado em detalhes. Muito menos já foi feito no caso de espécies animais. Isso implica que a riqueza biológica até agora conhecida representa um grande recurso para a humanidade esperando para ser aproveitado, mas pode ser míope sentar e confiar apenas nas poucas variedades de espécies de plantas sendo usadas como fontes de alimento. Suponha que um inseto resistente a doenças ou pesticidas devastou uma espécie de planta para se alimentar! Então podemos ser tentados a recorrer a uma das muitas outras (cerca de 30.000 variedades) ou mais, de plantas que têm partes potencialmente comestíveis. Tal planta poderá ser útil para a alimentação nesse momento, se não tiver sido permitida a sua degeneração ou extinção antes disso.

A biodiversidade também constitui um vasto recurso potencial para novos medicamentos que podem ser formulados diretamente de plantas ou copiados delas. Dez dos 25 medicamentos mais vendidos do mundo em 1997 eram derivados de produtos naturais. O valor de mercado global de produtos farmacêuticos derivados de recursos genéticos são estimados em 75 bilhões a 150 bilhões de dólares anuais. Oitenta por cento da população mundial depende de medicamentos tradicionais e estes são derivados diretamente de fontes naturais. Na China, por exemplo, mais de 5.000 das cerca de 30.000 espécies domésticas identificadas de plantas são utilizadas para fins medicinais [15].

Mais de 40 por cento de todas as prescrições escritas nos Estados Unidos contêm uma ou mais drogas originadas de espécies selvagens de fungos, bactérias, plantas e animais [16]. A pervinca rosada (Catharathus roseus), que se originou em Madagascar, produz duas substâncias que foram consideradas úteis no tratamento da doença de Hodgkin e na leucemia linfocítica aguda. Unha de gato (Uncaria tomentosa) demonstrou ser um agente antiinflamatório que ajuda a fortalecer o sistema imunológico do corpo. É também conhecida por inibir o crescimento de células cancerosas e é eficaz no tratamento de artrite. O antibiótico penicilina é obtido a partir de um fungo (Penicillium) enquanto a cloroquina é obtida da casca da Cinchona. Imagine a situação da humanidade se estas e muitas outras plantas medicinais úteis tiverem desaparecido antes que suas propriedades curativas fossem descobertas.

Os microrganismos são mais diversos em número, tipo, versatilidade e nichos ecológicos do que outras formas de vida. Eles desempenham papéis importantes como fontes de enzimas para a produção de biocatálise de alimentos fermentados e bebidas, fontes de drogas, nutracêuticos e compostos bioativos, geração de biocombustíveis, mineração e lixiviação de minerais, produção de biofertilizantes, produção de biopesticidas, proteínas unicelulares e probióticos, produção de química fina e produção de biopolímeros.

Além de alimentos e medicamentos, a biodiversidade também constitui um valioso recursos em muitas outras áreas de necessidades humanas, como roupas (fibra vegetal, como algodão), fornecimento de abrigo (por exemplo, com madeira), criação de riqueza (por meio de desbaste, coleta de lenha, carvão, caça, farmácia tradicional), recreação (como em jardins botânicos/zoológicos), religião (santuários), cultura (bosques) e etc.

Riqueza Biológica como um Recurso Genético Valioso

O cultivo repetido de uma variedade de colheita durante longos períodos de tempo sob o cuidado humano reduz gradativamente seu vigor e produtividade. As vezes, problemas podem surgir devido a mudanças ambientais (abióticos, por exemplo, climáticos, e biótico, por exemplo pragas), e tais mudanças podem exigir variedades mais bem adaptadas a fim de manter a produtividade (por exemplo, rendimento, qualidade, etc.). Pragas e doenças também sofrem mudanças, então, cepas virulentas às vezes surgem para causar grandes danos às espécies cultivadas. Em suma, todos os organismos vivos, selvagens ou cultivados estão constantemente passando por mudanças devido às pressões ambientais e sua magnitude de resistência a essas pressões variam de acordo com sua constituição genética. Rendimento desejável, qualidade e resistência a doenças, pragas e condições climáticas adversas, por exemplo, são devidas a esses fatores genéticos (ou seja, um combinação de genes), que se encontram espalhados/distribuídos em diferentes cepas ou variedades, incluindo os parentes selvagens das espécies cultivadas. Uma variedade melhorada é, portanto, aquela que contém uma maior número de características úteis ou genes desejáveis.

O fato é que a maioria das variedades melhoradas sendo cultivadas agora são variedades híbridas, pois incorporam nelas genes de um número de outras variedades. Essa prática é um processo interminável. Com mudanças no ambiente biótico ou abiótico e especificações de qualidade, cepas uma vez em uso comum não são mais aceitáveis. Portanto, os criadores têm usado técnicas de reprodução, especialmente para reunir genes úteis nas variedades cultivadas de modo a combiná-los com os requisitos de qualidade e as condições prevalecentes de cultivo. Para fazer isso com sucesso, devemos possuir a maior variedade de características, ou pool genético, possível para reprodução e melhoria de cepas domesticadas de plantas e animais.

Os parentes selvagens e antigas variedades tradicionais de plantas e animais domesticados constituem um recurso genético vital para nós. A organização genética das plantas e animais selvagens têm evoluído há milhões de anos. Eles têm resistido com sucesso aos testes e provações de um ambiente constantemente em mudança ao longo das gerações. Sua composição genética representa a resposta a problemas que nunca foram imaginados por um biólogo. A mesma história é verdade para variedades antigas que estão sendo cultivadas há centenas de anos. Existem muitos casos em que genes úteis em espécies selvagens ou em velhas variedades tradicionais foram usadas para melhorar as cepas que cultivamos hoje. Por exemplo, os genes para resistência ao oídio foram obtido de um melão selvagem na Índia e introduzido no melão cultivado na Califórnia. Da mesma forma, duas espécies de tomate selvagem descobertas no Peru têm sido usados ​​para produzir melhor pigmentação e um maior conteúdo sólido (ou seja, mais polpa) em tomates cultivados.

Ninguém pode antecipar as características ou genes que serão necessários no futuro para melhorar as variedades cultivadas da época à medida que nosso ambiente se mantém mudando. Sob tais condições, devemos ter uma coleção de características ou pool genético tão grande quanto for possível. É somente a partir deste pool que podemos sintetizar as cultivares do futuro. Redução da diversidade biológica (particularmente, as espécies selvagens) devem infligir danos irreparáveis ​​às futuras atividades de criação e melhoramento, privando-nos de condições adequadas de suprimento de comida. 

A versatilidade dos microrganismos é em grande parte devido à sua diversidade genética, diversidade que lhes permite sobreviver em todos os tipos de ambiente (onde outras formas de vida não podem ser encontradas) e possuir um metabolismo potente que pode metabolizar praticamente todos os compostos que ocorrem naturalmente, incluindo xenobióticos. Seus ricos constituintes genéticos estabeleceram a base para a biologia molecular, já que várias enzimas, como lignases, polimerases, endonucleases de restrição, etc. são derivadas de microorganismos. Por meio deles, a tecnologia de DNA recombinante tornou possível a criação de novos animais transgênicos, células recombinantes e plantas geneticamente modificadas.

Diversidade Biológica como um Instrumento para Manutenção de Ecossistemas Estáveis e Saudáveis

Ecossistema saudável tem como premissa a diversidade de formas de vida. Esta diversidade traz um sistema de interações complexas entre vários componentes que ocorrem em um estado de equilíbrio dinâmico. É um sistema de freios e contrapesos em que, para cada ação, há uma reação igual e oposta para que o resultado final seja nulo. Não importa quão imperceptível uma espécie é, ou presume-se que seja, ela ocupa um nicho ou desempenha um papel funcional que não pode exatamente ser assumido por outra espécie. Conseqüentemente se uma espécie desaparece, o nicho é perdido (nicho ausente) e a estabilidade é dificultada. Por outro lado, se uma espécie exótica emigra ou está se introduzindo em um ecossistema outrora estável, o equilíbrio será impactado pelo menos por um tempo antes que a estabilidade seja restaurada, se houver. 

O conceito de estabilidade do ecossistema pode ser facilmente compreendido a partir do ponto de vista do valor econômico, benefícios para a saúde, distribuição da população, transporte etc. em uma sociedade humana típica em relação com a biodiversidade adjacente. Economistas ecológicos estudam o relação entre economia e ecologia. Em 2004, a pesquisa mostrou que a conservação das florestas tropicais pode aumentar os lucros para os cafeicultores em Costa Rica. O estudo mostrou que quanto mais próximo o cafeeiro é plantado de trechos de floresta, maior a quantidade e qualidade dos grãos produzidos, graças a uma maior polinização por abelhas selvagens. Polinização extra fornecida por abelhas nessas manchas de floresta aumentaram o lucro da fazenda de café da Costa Rica em 7 por cento [17].

Os microrganismos desempenham um papel dominante na manutenção do ambiente saudável através da biodegradação, ciclagem de nutrientes e biorremediação. Eles também contribuem para a decomposição de poluentes e estão envolvidos em vários ciclos de nutrientes.

Biodiversidade como um Meio de Ótima Utilização e Conservação de Recursos Abióticos de um Ecossistema

Um ecossistema é um sistema integrado de biodiversidade com fatores abióticos interagindo para produzir uma entidade em equilíbrio. Enquanto os componentes bióticos prosperam com o apoio dos fatores abióticos, como solo e clima, a melhor utilização e conservação de recursos abióticos, por sua vez, dependem da quantidade e qualidade (ou seja, diversidade) de seus componentes biológicos. Em ecossistemas com baixa biodiversidade, a absorção de nutrientes não é tão eficiente. Muito da matéria mineral permanece no solo enquanto a matéria orgânica repousa no solo da floresta. A matéria mineral está, portanto, sujeita a perdas devido ao fluxo de água. A situação nos tópicos evita efetivamente as perdas de nutrientes. A rica comunidade biótica é amplamente sustentada por nutrientes reciclados. Nutrientes minerais tornam-se inacessíveis às águas correntes, chuvas e inundações, que são frequente em trópicos úmidos. O crescimento exuberante da vegetação impede o rápido fluxo de água, une as partículas do solo e evita a erosão do solo. Muito dos nutrientes que se dissolvem são retomados à medida que a água é retida por maior duração no sistema. Por outro lado, fora dos trópicos, a redução da biodiversidade reduz a eficiência dessa maquinaria vital, o que por sua vez resulta em perda rápida de nutrientes e degradação dos solos. As atividades dos microrganismos na ciclagem de nutrientes são fundamentais para conservação de recursos abióticos, como os minerais e a composição gasosa atmosférica em um ecossistema.

Proteção da Biodiversidade, uma Obrigação Devido à Crescente Onda de Extinção de Espécies

Uma espécie é classificada como extinta se um único membro individual não pode ser encontrado apesar de pesquisas exaustivas durante um longo período de tempo. De acordo com a IUCN (2017), existem diferentes categorias de ameaças à biodiversidade listadas em ordem de gravidade crescente como Deficiência de Dados (DD), Menos Preocupante (LC), Quase Ameaçado (NT), Vulnerável (VU), Em Perigo (EN), Criticamente Ameaçada (CR), Extinta na Natureza (EW) e Extinta (EX). Para estar classificada como ameaçada, uma espécie deve ter sido avaliada com base em alguns critérios quantitativos relacionados ao risco de extinção, como tamanho populacional, taxa de declínio populacional, área de distribuição geográfica e grau de fragmentação da população. Enquanto isso, as cinco principais ameaças à biodiversidade incluem as mudanças climáticas, desmatamento e perda de habitat, superexploração de recursos, ocorrência de espécies invasoras e poluição, todos os quais podem surgir devido a influências antropogênicas. A essência da biodiversidade para os humanos é realizável apenas se esforços concentrados e conscientes forem voltados para sua conservação. 

A estrutura populacional e a constituição genética de microrganismos também são impactados por várias atividades do homem que promovem mutação, perda de elementos genéticos e transferência lateral de genes. O risco de ampla disseminação de genes resistentes a antibióticos entre microorganismos contribui para falhas nos sistemas de saúde.

Biodiversidade na Pesquisa Científica, Inovações e Avanços Tecnológicos

Abundância e frequência de sapos vocalizando, bem como visualização de seus encontros e armadilhas têm sido usados ​​como indicadores de sucesso registrados na restauração de ecossistemas [18]. Várias espécies de plantas e os animais são usados ​​como organismos indicadores (bioindicadores) da poluição em ecossistemas aquáticos e terrestres. Por meio de estudos sobre microrganismos, estamos agora na tecnologia de DNA recombinante, que resultou em criação de novas plantas e animais. Os microorganismos também são ferramentas potentes para estudar uma série de fenômenos biológicos e continuam a servir como organismos modelo em várias investigações.

NATUREZA DO HOMEM NO COSMOS

Os humanos, com nossa população de 6 bilhões na Terra, constituem apenas uma das 1,7 milhões de espécies descritas, mas temos usado nosso conhecimento e tecnologia para alterar nosso meio ambiente, incluindo a biodiversidade, para o bem ou para o mal. Ao conduzir nossa vida, nunca devemos ignorar a ordem natural das coisas. Ainda preservamos a ilusão de ser privilegiado entre os seres vivos e de escapar da lei comum. A sensação de ser livre nos dá uma confiança enganosa. Acreditamos que nossa situação é muito superior à de bactérias, árvores ou animais. No entanto, é importante para nós ter uma ideia clara do nosso verdadeiro lugar na natureza.

O relato bíblico descreve adequadamente a situação anterior à nossa existência aqui na Terra, detalhando a progressão do caos (desordem) para o cosmos (ordem), que culminou na existência do primeiro ser humano. Cosmos refere-se ao mundo ou universo, ocorrendo como um sistema ordenado e harmonioso, onde as leis naturais se aplicam, e devem ser obedecidas. Desde este início, muitos filósofos tentaram explicar a natureza do homem e seu propósito aqui. Eles foram levados a saber que o corpo humano é uma unidade autônoma composta de tecidos, sangue e consciência, sendo os três elementos distintos, mas inseparáveis um do outro. Esses três elementos são igualmente inseparáveis, embora distintos do meio físico, químico e psicológico em que estamos imersos (ou seja, nosso ambiente). Infelizmente, com a riqueza de seus conhecimentos, os humanos muitas vezes cometem o erro de observar fenômenos naturais como se eles mesmos estivessem fora da natureza. O que quer que façamos ou digamos, nunca podemos quebrar os laços que nos ligam à terra de onde surgimos. A vontade do homem de alterar a estrutura (ou ordem) do universo será sempre impotente. Uma vez que somos parte da natureza (apenas um pequeno fragmento dela), devemos nos conformar com suas leis, como aconselhado por Epictetus (55-135AD), “Devemos ser o que está em nossa própria essência para ser”.

Impacto do Homem na Terra e na Biodiversidade

O homem chegou a este planeta Terra apenas recentemente (cerca de 1 milhão de anos atrás!), e sua existência depende da saúde e bem-estar de outras formas na biosfera. Infelizmente, o homem escolheu se tornar um agente de sua própria destruição. Devido principalmente às atividades humanas e à sua influência, estamos perdendo o patrimônio acumulado de milhões de anos (ou seja, biodiversidade) a um ritmo acelerado. Os seres humanos têm um enorme impacto sobre o meio ambiente natural e, finalmente, uns sobre os outros (pela maneira como escolhemos nos abrigar, vestir e atender às necessidades de recursos vitais como alimentos, energia e água). É desanimador notar que alguns dos piores problemas da humanidade foram causados ou agravados pela ciência e tecnologia: aplicação de uma série de nossas descobertas e invenções científicas, geração de produtos químicos perigosos (substâncias radioativas feitas pelo homem), uso indevido de biotecnologia (instrumentos de guerra biológica), engenharia genética, originação do dilema nuclear (bomba nuclear, bomba de hidrogênio), etc.. [19]. Estritamente falando, isso não é desenvolvimento; é destruição, e nós cientistas devemos ser responsáveis pelas consequências previsíveis de nossa pesquisa – boas ou ruins [20].

Aqueles que se importam devem observar que, principalmente devido ao aumento astronômico da população humana, juntamente com estilos de vida insustentáveis, as seguintes mudanças indesejáveis ocorreram ou estão ocorrendo ao nosso redor: o estoque de muitos recursos vitais está diminuindo rapidamente, a biodiversidade está diminuindo rapidamente, os desertos estão se expandindo, os solos estão se degenerando rapidamente, os habitats da vida selvagem estão desaparecendo, venenos tóxicos circulam do ar, água e solo para alimentos e são bio-acumulados na cadeia alimentar, o acúmulo de gases de efeito estufa ameaça mudar os sistemas climáticos, há crescentes conflitos armados entre as nações, e a pobreza, a fome e as doenças são a ordem do dia em muitas nações.

De todos os pontos de vista, nosso planeta está doente, a base de nossa existência está sendo minada, com o início da pobreza biológica, e todos parecem estar olhando para o outro lado! Que continuaremos a nos beneficiar da ciência e a tecnologia é indiscutível, mas à medida que erramos usando essas ferramentas para criar desordem, nosso universo continuará a nos chamar prontamente para ordenar, às vezes da maneira mais calamitosa. Há, portanto, a necessidade de parar e avaliar o estado do cosmos, nosso ambiente global, e começar a fazer o necessário. A energia do sol é muito mais do que a nossa necessidade agora e pelas gerações ainda não nascidas. Na verdade, apenas 1 a 2% da radiação fotossintética ativa que atinge a Terra é convertida pela cobertura vegetal em carboidratos; enquanto muito é desperdiçado [21]. É nossa culpa não ter adquirido tecnologia adequada para tocar esse recurso ao máximo. Devemos parar de poluir o meio ambiente agora.

INTERCONEXÃO DO MUNDO VIVO E O CONCEITO DE NICHO PERDIDO

Em um ecossistema saudável, há um sistema de interações complexas entre vários componentes que ocorrem em um estado de equilíbrio dinâmico. Como tal em um ecossistema, tudo está relacionado com todo o resto. Esse sistema de verificação e equilíbrio é de fundamental importância em um ecossistema mantido em estado funcional pela atividade de um grande número e tipos de organismos. Em um ecossistema complexo, com vários níveis tróficos, cada um dos quais é composto por várias espécies, a eliminação de uma única espécie ou poucas espécies pode não criar nenhum problema. Isso porque existem muitas outras espécies ou alternativas que podem assumir e manter o sistema em um estado funcional. Em um sistema simples, no entanto, a perda de uma única ou poucas espécies pode ser catastrófica devido à falta de alternativas (ou seja, nichos perdidos). Assim, a diversidade realmente confere estabilidade em um ecossistema.

Continuaremos a perceber que as criaturas consideradas inúteis ou indesejáveis, na verdade desempenham papéis cruciais em um ecossistema natural. Por exemplo, predadores levados à extinção não controlam mais roedores que danificam nossas plantações; minhocas e cupins mortos por pesticidas não aeram mais nossos solos; e manguezais, destruídos para abastecer lenha pararam de proteger nossa costa da erosão. Sapos comem mosquitos, servem como bio-indicador, alimentos para aves, peixes e macacos, e suas larvas filtram água potável [22]. Tanto no Paquistão como na Índia, a diminuição da população de sapos tem sido associada ao aumento da taxa de danos causados por pragas às culturas e à recorrência da febre da malária. Os pontos anteriores, para o fato de que não podemos descartar qualquer forma de vida nesta complexa biosfera como inútil. Cada espécie ocupa um nicho único; tem sua própria importância. O desaparecimento de qualquer uma das espécies componentes em um ecossistema mostra-se na forma de estrutura alterada e/ou função no ecossistema que pode não ser aparente por enquanto, mas pode ter sérias consequências de longo alcance.

Qual é a Saída?

Você já se perguntou quanta “natureza”; seu estilo de vida requer? Ou quanto dos recursos vitais potenciais da Terra desaparecem devido ao seu hábito ou modo de vida. A Pegada Ecológica e a Impressão Manual são dois conceitos complementares que ajudam pessoas como você e eu a encontrar sua melhor maneira de levar um estilo de vida mais sustentável que contribua para uma sociedade e um planeta sustentáveis. A Pegada Ecológica é uma medida da pressão humana sobre os recursos da Terra ou uma medida da sustentabilidade de nossos estilos de vida [23]. A impressão manual é uma medida do que podemos fazer individualmente, e juntos, para restaurar o equilíbrio entre o consumo e a capacidade de transporte do planeta. Enquanto a Pegada Ecológica mede nosso impacto no planeta e seus recursos, a Impressão manual ajudará a quantificar o que fazemos para pisar levemente na Terra. A impressão manual mede os impactos positivos que podemos causar, simplesmente mudando a maneira como fazemos as coisas em casa, e no trabalho, por exemplo, reduzindo nosso consumo de energia e recursos e sendo mais atenciosos com a poluição e os resíduos que geramos. Um país, uma empresa ou um indivíduo privado podem analisar quanta pressão ela aplica sobre o meio ambiente e usá-la para calcular sua pegada ecológica/ambiental.

A pegada ecológica é definida/calculada como a área terrestre (em hectares) que seria necessária para atender ao consumo de uma pessoa/uma organização/uma população e absorver todos os seus resíduos. Diferentes fórmulas e ferramentas online (calculadoras de pegada) estão em uso hoje, por exemplo, https://www.footprintcalculator.org/ ; https//footprint.wwf.org.uk/ ; e https://www.carbonfootprint.com/calculator. O objetivo final é calcular o número de terras que a sociedade humana precisaria, dado que todos seguiram um certo estilo de vida. Ao fazer isso, a pegada ecológica acompanha o uso de seis categorias de áreas produtivas da superfície da terra, ou seja, terras agrícolas, pastagens, terrenos de pesca, terra construída, área florestal e demanda de carbono em terra. Essas demandas incluem espaço para cultivo de alimentos, produção de fibras, regeneração de madeira, absorção de emissões de dióxido de carbono da queima de combustíveis fósseis e acomodação de infraestrutura construída. Assim, os principais componentes das Pegadas incluem Alimentos, Habitação, Carbono e Bens e Serviços [24].

Com o objetivo de apreciar a importância da informação sobre pegadas ecológicas na ponte ciência, política e economia, a Global Footprint Network introduz o conceito de biocapacidade. A biocapacidade é medida pelo cálculo da quantidade de áreas terrestres e marítimas biologicamente produtivas disponíveis para fornecer os recursos que a população consome e absorver seus resíduos, dada a tecnologia atual e as práticas de gestão. Para tornar a biocapacidade comparável entre o espaço e o tempo, as áreas são ajustadas proporcionalmente à sua produtividade biológica (expressa em Hectares Globais). Os resultados desta análise indicam o impacto ecológico de um país. Diz-se que um país tem uma reserva ecológica se sua Pegada for menor que sua capacidade biológica; caso contrário, está operando com um déficit ecológico (referido como credores ecológicos, e devedores ecológicos, respectivamente).

Por definição, a impressão digital (Handprint) ecológica é um símbolo de medida e compromisso com a ação positiva no planeta Terra. Em vez de ficar por aí culpando o mundo desenvolvido por suas maiores emissões de carbono, devemos mudar para um estilo de vida mais ecológico e sustentável e fazer nossa parte para criar um mundo mais limpo, verde e amigável. A campanha é para reduzir pegadas e aumentar as impressões digitais (relacionamento inverso). Todos nós podemos usar nossas ‘mãos curativas’ para compensar os danos que estamos fazendo ao nosso meio ambiente. Quer fazer a diferença? então considere as seguintes ações: Plantar árvores, salvar árvores; reduzir o uso do carro, subir em uma bicicleta, se possível, para reduzir as emissões; comprar alimentos dos mercados locais, e comprar na estação, cada alimento exótico comprado tem sua contribuição de pegada de carbono; usar recursos de forma eficiente (eletricidade, papel, etc.); dizer não para sacos plásticos; comprar sabiamente (simpatia ambiental) e ir para necessidades reais; como todas as mercadorias carregam consigo uma quantidade incorporada de terra bioprodutiva e área marítima necessária para produzi-las e sequestrar os resíduos associados. Os fluxos de comércio internacional podem, portanto, ser vistos como fluxos de pegada ecológica incorporada.

A transição para a “Economia Verde” é agora necessária e tão importante para nós do que nunca. O PNUMA (2011) define uma economia verde como “aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da equidade social, mesmo que reduza significativamente os riscos ambientais e as cidades ecológicas [25]. Em sua expressão mais simples, uma economia verde pode ser considerada como aquela que é baixa em carbono, eficiente em recursos e socialmente inclusiva”;. Criticamente, o conceito de economia verde é mais do que meramente ‘esverdear’ setores econômicos, é um meio de alcançar os imperativos de desenvolvimento sustentável, como melhorar o bem-estar do homem, aumentar a equidade social, reduzir os riscos ambientais e reduzir as pegadas ecológicas.

A saúde humana e social depende da biodiversidade. Onde o capital natural é degradado e perdido, há o risco de que as comunidades estejam desnutridas, e os humanos sofram. Em contrapartida, os esforços para restaurar, conservar e utilizar de forma sustentável o capital natural podem melhorar o bem-estar humano, apoiar o sustento e aumentar a equidade socioeconômica e inter geracional [27]. Na África do Sul, como exemplo, as intervenções do governo para restaurar e melhorar as zonas úmidas não só proporcionaram oportunidades de emprego muito necessárias, mas também aumentaram a capacidade das zonas úmidas de prestar serviços essenciais aos pobres, incluindo produção de culturas e cana, água para fins domésticos, pastagem para pecuária, etc. [28].

QUANTO DA BIODIVERSIDADE FOI EXPLORADA DE FORMA SUSTENTÁVEL?

Muito tem sido dito sobre a riqueza biológica na Terra e seus benefícios atuais e potenciais para nossa existência. A questão agora é: ‘o homem se aproveitou o suficiente desse rico recurso e de forma sustentável?’; A resposta é não. Por mais valioso que esse recurso natural seja, ainda é desconhecido muito sobre a biodiversidade. Menos de 1% desses microrganismos encontrados em ambientes naturais são cultiváveis e podem ser verdadeiramente contabilizados através de métodos convencionais de isolamento e identificação. Os extremófilos encontrados em ambientes extremos são pouco estudados.

Bem acima de 99% da riqueza de plantas e origem animal ainda permanece inexplorada pelo homem. Das 270.000 espécies de plantas descritas até agora, apenas cerca de 20 são conhecidas por nos fornecer alimentos. Isso está longe do que deveria ser. Além disso, o número de espécies até agora documentadas no desenvolvimento de novos medicamentos é insignificante em comparação com o número descrito. Mesmo com nosso conhecimento de engenharia genética abrangendo cerca de vinte anos em 2014, apenas 26 espécies de plantas foram geneticamente modificadas e aprovadas para liberação comercial [29]. Sobre a conservação da biodiversidade também, o resultado líquido das atividades humanas não tem sido encorajador, e todos devem se perguntar ‘quão grande é a minha pegada ecológica?”.

O resumo da situação é que a biodiversidade permanece em grande parte subutilizada em termos de diversificação, e sua exploração até agora tem sido insustentável [30]. É verdade que a biodiversidade é vasta, mas lamentavelmente o número de biólogos está reduzindo a cada dia. Não está claro o que o futuro reserva sobre esse desenvolvimento na Nigéria, pois poucos pais/responsáveis querem que seus filhos assumam uma carreira em ciências biológicas ao buscar a admissão nas Universidades com o medo de que mais tarde se tornem ‘professores comuns de biologia’ [32].

CONCLUSÃO

A existência de todos os organismos, bem como os componentes não vivos no mundo, depende apenas da consciência e bondade do homem. Suas ações ou inação têm impactado fortemente nos sistemas climáticos, o que tem afetado a biodiversidade. A mudança climática é real; os efeitos estão sendo sentidos ao nosso redor. Nossa atmosfera foi aquecida. Os gases de efeito estufa estão ao nosso redor. Radiações ultravioletas perigosas estão penetrando profundamente em nossos tecidos vivos. Inundações são desenfreadas. Nossos solos e linhas costeiras estão sendo erodidos. A biodiversidade está desaparecendo rapidamente. Nosso sistema de suporte de vida está sob ameaça. O desenvolvimento sustentável é o que desejamos para garantir nossa existência contínua de seres humanos. Trata-se de um desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades; desenvolvimento que harmonize ganhos econômicos e necessidades ecológicas. Nossas experiências no século XXI deram início a uma melhor compreensão do desenvolvimento sustentável além de uma definição simples de uma frase. A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento elabora a definição de gerar planos acionáveis específicos na forma de 27 princípios de sustentabilidade, que são resumidos em cinco da seguinte forma:

1. As nações têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos, mas sem causar danos ambientais além de suas fronteiras e observando que o desenvolvimento hoje não deve prejudicar as necessidades de desenvolvimento e meio ambiente das gerações atuais e futuras.

2. As nações respeitarão o direito das pessoas a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza e desenvolverão leis internacionais para compensar os danos que as atividades sob seu controle causam a áreas além de suas fronteiras.

3. As nações devem utilizar a abordagem preventiva para proteger o meio ambiente; e quando houver ameaças de danos graves ou irreversíveis, a incerteza científica não deve ser usada para adiar medidas econômicas para evitar a degradação ambiental.

4. As nações devem aprovar leis ambientais eficazes e desenvolver lei nacional sobre a responsabilidade das vítimas de poluição e outros danos ambientais, sendo o poluidor responsável, em princípio, por arcar com o custo da poluição e quando tiverem autoridade, as nações avaliarão o impacto ambiental das atividades propostas que provavelmente terão um impacto adverso significativo.

5. As nações devem assegurar que o desenvolvimento sustentável requer uma melhor compreensão científica dos problemas e, também, do conhecimento dos povos indígenas com total participação de mulheres e jovens e, portanto, as Nações devem reconhecer e apoiar a identidade, a cultura e os interesses dos povos indígenas e compartilhar conhecimentos e tecnologias inovadoras dentro e com os vizinhos para alcançar o objetivo da sustentabilidade.

REFERÊNCIAS

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Artigo disponível em: https://environecosystem.com/archives/1ees2019/1ees2019-26-34.pdf

TRADUZIDO POR:

Maria Laura Borgo

Maria Laura Borgo é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2019), no NUPEM (Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade) e mestranda em Ciências Ambientais e Conservação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2020) com Projeto intulado "Tolerância Térmica da Fotossíntese em Macroalgas da Região Norte Fluminense". Tem experiência e interesse nas áreas de ecologia e botânica, com ênfase em ecofisiologia vegetal.

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