Queimaduras por uso de substâncias caseiras de bronzeamento

Todo mundo conhece alguém que adora se bronzear na praia ou na beira da piscina, não é mesmo? Saiba que essa pessoa pode estar colocando a vida em risco, caso não use produtos adequados para a pele. Mas, antes de contar os riscos do uso de substâncias indevidas, vou falar sobre quando essa moda de ficar bronzeado se iniciou. No século 19, a pele clara era muito valorizada, por indicar que a pessoa era da alta sociedade e que não precisava se expor a trabalhos braçais, geralmente sob sol. Uma grande parte da população trabalhava na agricultura e passava muitas horas ao ar livre, o que gerava peles muito bronzeadas. Mas tudo mudou após a Revolução Industrial, em 1837, quando pessoas que trabalhavam em ambientes externos, passaram a trabalhar em ambientes internos, como fábricas. Desse modo, a pele clara deixou de ser marca de pertencimento à alta sociedade.

Já no século 20, mais precisamente no início de 1920, o padrão de beleza foi modificado, e as pessoas que ditavam a moda daquela época, começaram a garantir que ser bronzeado era um padrão estético mais saudável e que deveria ser adotado. Quem possuía a pele bronzeada era indicado como uma pessoa de alto nível social, que tinha riquezas para serem gastas em lazer e em lugares de veraneio. Porém, foi somente em 1930 que a pele bronzeada foi considerada padrão de beleza. Nessa época as pessoas passaram a frequentar mais vezes à praia e aos clubes com piscina, e foi nesse período que os primeiros bronzeadores foram lançados.

Outra mudança que ocorreu, foi em relação à forma corporal, nos anos 20 do século passado, as mulheres não se preocupavam muito para o corpo. Já nos anos 30, ocorreu uma supervalorização da aparência corporal, com pessoas abusando das cirurgias plásticas e também de anabolizantes.

Mas agora vamos voltar aos riscos que falei lá no início do texto. Para se bronzearem, muitas pessoas utilizam óleo de coco, óleo de dendê e até mesmo chá de folha de figo. Esses componentes possuem um princípio ativo conhecido como psoraleno. Esse componente é um fotossensibilizante e estimulante da produção de melanina, ou seja, ele é muito eficiente para o bronzeamento por ser algo ativado muito rápido durante a exposição solar.

Porém, o psoraleno apresenta alto risco de causar queimaduras na pele e, consequentemente, desencadeia uma reação inflamatória que só surge após 48-72 horas de exposição aos raios UV e 24h no caso de raios UVB, fazendo com que as lesões apareçam logo após à exposição. A intensidade das reações é proporcional à quantidade da substância que foi utilizada sobre a pele e também ao tempo de exposição ao sol ou à radiação ultravioleta (RUV). Além das queimaduras, quem faz uso dessas substâncias caseiras pode desenvolver tumores melanocíticos (câncer). Por esse motivo devemos somente usar bronzeadores industriais e nunca se expor por muito tempo ao sol. O uso de protetores solares é algo de extrema importância para quem gosta de um dia ensolarado e curte um bronzeado, mas faça isso com consciência.

Referências:

MACIEIRA, Amanda Barroso de Freitas et al. Queimaduras por substâncias caseiras de bronzeamento atendidas no centro de tratamento de queimados do Hospital Federal do Andaraí. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 15, n. 1, p. 8-12, 2016.

Larissa Gonçalves

Larissa Gonçalves é graduanda em Ciências Biológicas (Licenciatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vinculada ao Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM) em Macaé. Integrante do Projeto de Extensão Produção e Recepção de Mídias na Formação de Professores. Possui interesse nas áreas que englobam as Ciências Forenses, Arqueologia e Educação Inclusiva voltada para alunos Neurodivergentes.

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