Alimentos ultraprocessados, ascensão da obesidade e uma crítica à sociedade moderna.

Você sabe o que é um alimento ultraprocessado? A ideia de processamento está relacionada a várias fases de  transformações industriais de um alimento antes ‘’in natura’’. Ou seja: pensem em uma fruta como o abacaxi! Agora pensem em um abacaxi em calda e depois pensem em um suco de abacaxi em pó. De uma fruta natural o abacaxi está se tornando um alimento processado (calda de abacaxi) e mais tarde um ultraprocessado (suco em pó de abacaxi). Dessa forma podemos concluir que o processamento acarreta em mudanças físicas, químicas e biológicas de um alimento antes natural que se tornou um produto industrial. 


custom baseball jerseys

football jerseys
Nike Air Max 270 white
nike air max womens
Jerseys for Sale
nike air jordan sneakers
nike air jordan shoes
nike air jordan 1
best couples sex toys
adidas promo code
nike air max for sale
custom football jerseys
custom hockey uniforms
nike air max shoes
nike air jordan 4 retro
nike air max for sale

O consumo de ultraprocessados (embora o homem já conservasse alimentos em pequena escala) teve seu aumento a partir da Revolução Industrial, época em que um novo modelo se instalava. Um dos primeiros ultraprocessados comercializado foi o cigarro, que se encontrava estampado em propagandas e era consumido pelas pessoas sem restrições.  A indústria do tabaco passava uma imagem bastante positiva sobre o cigarro e lucrava excessivamente em cima dele. Foi somente depois de muito tempo em que as autoridades governamentais perceberam do risco que se tratava fumar, que o cigarro foi taxado. Com isso, as indústrias foram obrigadas a informar na embalagem do produto sobre os danos à saúde humana. Informar sobre esses danos  resultou em uma perda expressiva de consumidores do tabaco.

Apesar de pensarmos que a indústria do tabaco estivesse ameaçada de falência, depois do escândalo dos componentes químicos utilizados na fabricação de seu produto, na realidade isso nunca aconteceu. Quando as empresas notaram que a queda de lucro era perceptível, muitas migraram para a indústria alimentícia dando início a produção dos ultraprocessados, que tem até hoje um potencial muito grande de demanda.  Até o ano de 2010 não existia um termo para esses tipos de produto. O termo ‘’ultraprocessados’’ foi inventado pelo médico Professor Doutor Carlos Augusto Monteiro – Coordenador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde pela Universidade de São Paulo. 

  Para o professor Carlos, os ultraprocessados são produtos cujas combinações químicas imitam alimentos verdadeiros. Mais do que isso, ele alega que se trata de fórmulas industriais caracterizadas por conter uma quantidade muito grande de ingredientes como: sal, açúcar e gorduras. Além disso, os ultraprocessados, segundo Carlos, contém aditivos químicos, que proporcionam à indústria o poder de criar  produtos de baixo custo e altamente atraentes ao paladar humano. O que nos leva a pensar sobre os problemas relacionados à saúde dos consumidores destes produtos. Recentemente, o Jornal Folha de São Paulo publicou um estudo que dizia que: o consumo de ultraprocessados está ligado à alta da obesidade no Brasil.

Por estarem associados à crescente obesidade da população brasileira, os produtos ultraprocessados trazem riscos à saúde perceptíveis como: hipertensão, câncer e diabetes.  E estudos mostram que a obesidade tende ainda a ser um fenômeno mais presente na zona urbana que na zona rural. O que abre mais uma problemática em relação às pessoas que, por conta do êxodo rural, tiveram que sair do campo onde cultivavam o seu próprio alimento. Certamente, por saírem do campo, essas pessoas se tornaram dependentes daquilo que cabe em seus orçamentos e, consequentemente, dos grandes produtores da indústria alimentícia, que se limita a um grupo majoritário de 10 multinacionais que detém todo o monopólio da comida do planeta. 

Em relação à obesidade, temos que a diferença da prevalência desta nos grupos sociais é bastante perceptível. O impacto da obesidade na população adulta feminina inserida em menores percentis de renda é ainda maior quando comparado aos outros grupos sociais.  Dados mostram que a população feminina de baixa renda é a mais atingida, com prevalência superior a 30% do total de mulheres com excesso de peso. Especialistas já consideram que a obesidade, ou a tendência a essa, já se apresenta como o  maior problema alimentar do Brasil. 

Em contrapartida, segundo o sociólogo Marcel Mauss, quanto maior a ascendência social das pessoas em cargos importantes, mais elas se preocupam com a saúde. Não é à toa que a classe média e alta são as que mais consomem produtos estéticos, e mais optam por alimentos que, hoje em dia, são considerados “fitness’’, embora também façam o consumo de ultraprocessados.  De fato, ainda que lentamente, o século 21 está trazendo uma nova visão para os alimentos. Comer bem e ser magro é um status social que pode ser postado nas redes e que move diversos seguidores dessa nova corrente. Mas dentro de um país tão desigual esse “estilo” de comer saudável é ainda muito restrito e caro para muitos. 

Há quem diga que a sociedade moderna pratica o culto narcísico, que seria um tipo de ‘’nova ética em relação ao corpo’’. Ou seja, o tipo de corpo desejado hoje em dia é o funcional (bonito como os de atletas e que realiza exercícios sem complicações) por vincular-se a símbolos de beleza, realização pessoal e erotismo. De fato, a visão do corpo perfeito na história da humanidade sofre alterações de acordo com a sociedade e com o momento histórico de que se trata. Já houve tempos em que o padrão estético mais desejado era o de corpos gordos, por motivos de que estes representavam maior ascensão social em uma sociedade que tinha uma maioria de pessoas desnutridas. O que mudou drasticamente de acordo com o maior entendimento das ciências da saúde.

Ainda sobre os ultraprocessados o que temos atualmente é que: quanto mais pobre e a depender do seu sexo, maior o consumo deles.  Comparado aos Estados Unidos, que hoje já abastece sua população com 60% de ultraprocessados em seus supermercados, o que temos é um Brasil com 20% de ultraprocessados em suas redes de mercado, mas com uma tendência cada vez maior do aumento dessa porcentagem.

  Ninguém sabe dizer como o Sistema de Saúde Pública irá lidar com esse problema futuro relacionado diretamente com a obesidade. O que cabe aos governos, assim como no caso do cigarro, é realizar políticas públicas que explicitem nos rótulos desses produtos suas composições e riscos, porque as letras minúsculas nos rótulos são  pouco compreensíveis, o que contribui para aumento da obesidade no Brasil. Além disso, é urgente investir em educação científica nas escolas, sobretudo no que tange o letramento científico e de saúde sobre a alimentação saudável e sustentável.

Referências bibliográficas:

MONTEIRO, C.A.‘’Carlos Monteiro explica relação complexa entre saúde e alimentação.’’ Disponível em: https://www.abrasco.org.br/site/noticias/opiniao/carlos-monteiro-explica-relacao-complexa-entre-saude-e-alimentacao/38102/. Acesso em: 15 dez, 2020. 

CANCIAN, N. ‘’Estudos ligam consumo de alimentos ultraprocessados a alta da obesidade. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2017/08/1909330-estudos-ligam-consumo-de-alimentos-ultraprocessados-a-alta-de-obesidade.shtml. Acesso em: 15 dez, 2020.

FERREIRA, V.A. ‘’A obesidade e pobreza: o aparente paradoxo. Um estudo com mulheres da Favela da Rocinha, Rio de Janeiro, Brasil.’’ Cad. Saúde Publica Rio de Janeiro. N. 21(6): 1792-1800 , nov-dez, 2005. 

ALMEIDA, D.C.A. ‘’Consumo de alimentos ultraprocessados: uma revisão de literatura. Monografia (graduação) – Universidade Federal da Paraíba, p.36.2017. 

Ghiovana Freire

Ghiovana é graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio do Janeiro (UFRJ) no instituto NUPEM. Atualmente é membro do Projeto de Extensão ProREC. Apaixonada por plantas, ela pretende focar sua carreira em pesquisas relacionados ao meio ambiente, fisiologia vegetal e divulgação científica no combate a Fake News.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *