Aleitamento materno: benefícios para a mãe e outras dicas

Mariana Teixeira P. Pinheiro e Raphaela Gomes Brasil Antunes

Agosto é o mês da conscientização da amamentação no Brasil. Essa data é muito importante por reforçar a importância da lactação tanto para a mãe, quanto para o bebê. O ato de amamentar demanda uma atenção muito especial por oferecer benefícios para ambos, inclusive o de diminuir a incidência de inúmeras doenças que podem surgir no futuro, prevenindo até o câncer de mama, tema abordado no Outubro Rosa. Dessa forma, durante esse texto você poderá entender melhor sobre a necessidade de se manter uma rotina saudável para alcançar todos esses benefícios.

Ir ao supermercado faz parte da nossa rotina. Ficamos por um longo tempo escolhendo nas prateleiras os melhores produtos e tudo aquilo que temos vontade de comer. Porém, os bebês não têm essa opção, já que eles consomem apenas aquilo que é ingerido pela mãe, sendo ela o seu supermercado. Assim, é possível ter uma maior noção da importância da nutrição da mãe para o desenvolvimento do bebê. Se você quiser saber mais sobre a importância do aleitamento para o desenvolvimento do bebê, leia aqui o nosso texto anterior sobre esse assunto.

Do ponto de vista da saúde, a gravidez traz consigo um aumento do apetite e da eficiência digestiva. A partir disso, sabemos que a nutrição materna vai ser importante  para o desenvolvimento fetal e para o desenvolvimento posterior da criança e, por isso, a alimentação da mãe é intimamente ligada ao metabolismo do bebê em formação. Todavia, a amamentação é muito importante para a mãe também, por trazer diversos benefícios para sua própria saúde.

 Ainda no período de resguardo, logo após o parto, as primeiras vantagens já começam a aparecer. Para as mães, por exemplo, o aleitamento ajuda a diminuir o sangramento pós-parto, auxilia na manutenção do peso e ainda atrasa o retorno do período menstrual das mães, com 98% de chance de prolongar o tempo entre gestações. Já em relação aos benefícios a longo prazo, se tem a redução de incidência de câncer de mama, ovário e endométrio, evita a osteoporose e protege contra problemas cardiovasculares, como o infarto. 

Em relação ao período de aleitamento materno, você sabia que o leite possui fases diferentes? Pois é, o leite materno pode mudar um pouco sua composição durante três momentos diferentes de forma natural para acompanhar as necessidades do bebê. Porém, não existem muitas evidências de que a dieta da mãe consegue interferir de forma considerável na composição do leite, mas manter uma rotina saudável é extremamente indicado para a lactação. 

O leite humano é composto basicamente por proteínas, açúcares, minerais, vitaminas e gorduras. A composição do leite vai variar de uma mãe para outra conforme a idade, paridade, saúde e seu estado nutricional. A mulher que amamenta necessita que a sua alimentação seja rica nesses componentes para que o leite materno seja produzido em quantidades suficientes.

Portanto, durante o período de amamentação, uma má alimentação traz consequências para a criança em resposta à dieta da mãe, mas de forma geral, o leite vai oferecer todos os nutrientes que são necessários para o desenvolvimento da criança. Além disso, a melhor forma de garantir uma produção balanceada de leite é de fato amamentar frequentemente o bebê, já que a própria mamada vai estimular a produção do leite.

  Há diversas orientações quanto à alimentação das mães durante a gestação e a lactação, dentre elas: dar preferência aos alimentos na sua forma mais natural, pois além de serem fontes de carboidratos, são boas fontes de  fibras, vitaminas e minerais. Diminuir a quantidade de sal na comida e retirar o saleiro da mesa. 

Também é importante evitar o consumo de alimentos industrializados com muito sal (sódio) como hambúrguer, charque, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos, conservas de vegetais, sopas prontas, molhos e temperos prontos e, para evitar a anemia, consumir diariamente alimentos fontes de ferro.

Manter o seu ganho de peso gestacional dentro de limites saudáveis também vai ser importante, podendo praticar alguma atividade física seguindo orientação de um profissional de saúde e também evitar as bebidas alcoólicas e o fumo, mantendo uma rotina saudável. Ademais, uma orientação que não serve apenas para esse momento, mas para todos os outros da nossa vida, é a ingestão adequada de líquidos. Para a amamentação, alguns estudos mostram que beber água de forma regular pode ajudar na produção de leite.

OUTRAS RECOMENDAÇÕES

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, o leite materno pode ser estocado e congelado por cerca de 15 dias em recipientes de vidro próprios para esse tipo de armazenamento. Já quando descongelado, o leite deve ser usado em até 12 horas, já que depois disso, ele pode estar contaminado. Então, caso tenha uma rotina muito corrida, pela grande importância de se manter essa amamentação exclusiva até os 6 meses de vida do neném, essas medidas podem ser tomadas em último caso.

Em relação aos machucados que podem surgir nos mamilos, apontados no início do texto, algumas precauções podem ser tomadas para evitar qualquer tipo de dano. A maior causa de feridas é causada pela pega errada na hora de amamentar, então garantir que o bebê esteja em uma posição adequada, já pode diminuir as chances da mãe se machucar. Outra questão é o uso indevido de pomadas e cremes, que podem aumentar a sensibilidade da região tornando propício o aparecimento de rachaduras no bico do peito e podem também bloquear os poros por onde sai o leite.

Dessa forma, vimos que a indicação de amamentação exclusiva até os 6 meses de vida é de fato essencial para um bom desenvolvimento da criança, seja por fatores físicos, seja por fatores cognitivos. Além disso, o leite materno possui uma alta capacidade de prevenir diversas doenças que costumam aparecer mais na fase adulta, como a obesidade ou a própria diabetes. 

Agora que você conseguiu compreender um pouco da importância da amamentação exclusiva até os 6 meses, você consegue identificar alguma influência que a amamentação pode ter causado na sua vida hoje? Se sim, mande uma mensagem para a gente contando um pouco sobre sua experiência na nossa página do instagram: @pro.rec_ .

Referências:

ALVES, Elaine Aparecida; Benefícios da amamentação para a saúde da mulher e da criança: um ensaio sobre as evidências; Benefícios da amamentação para a saúde da mulher e da criança: um ensaio sobre as evidências; 2010.

ROLDÃO, Carolina Fidalgo da Cruz; Leite materno e programação metabólica: benefícios para a saúde a curto e a longo prazo; 2019; Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar; ICBAS – Dissertação. Disponível em:  https://hdl.handle.net/10216/121296
SETUBAL, José Luiz; Benefícios da amamentação para mãe; 2011; São Paulo; Universidade de São Paulo.